O bem cultural Capela de Sant’Ana está situado na localidade de Chapada, distrito de Lavras Novas. O tombamento da Capela inclui seu acervo integrado composto pelos retábulos do altar-mor e colaterais, os forros da nave e da capela-mor, a pintura parietal situada acima do arco cruzeiro, o para-vento, o relógio de pedestal e a portada em cantaria e escultura em pedra-sabão que ornamenta a fachada. A ausência de fontes documentais com relação ao antigo povoado não assegura o apontamento exato da data de edificação da Capela. Seus sistemas construtivos também apontam para diferentes épocas de construção: as paredes em alvenaria de pedras indicam uma primeira fase de erguimento, seguida da ampliação da ermida com a elevação da capela-mor, em pau-a-pique. Uma reforma posterior teria substituído por tijolos as paredes externas deste acréscimo e o torreão do sino. A vedação das portas laterais da nave, que hoje mantém apenas os marcos em pedra, é outro indício de que esta, certa vez, conformava o único volume da Capela de Sant’Ana. A Capela funcionava como grande referencial para os moradores do local: missas, batismos, casamentos, novenas, orações e confissões faziam parte da religiosidade dos chapadenses ao longo dos séculos XIX e XX. Além disso, cabe acrescentar que elementos do “mundo profano” também integravam essas práticas culturais, as quais se manifestavam sob as formas lúdicas das festas e das diversas sociabilidades, sendo o largo em frente à igreja um espaço apropriado para tais intenções. Conversas, procissões, brincadeiras, jogos e rezas se mesclavam em um universo múltiplo de possibilidades, revelando toda a riqueza da Chapada desde os tempos passados até os dias atuais. Uma das maiores tradições da localidade consiste na festa da padroeira Sant’Ana, celebrada há mais de cem anos. A Capela de Sant’Ana emerge, nesse sentido, como um dos principais palcos da vida social desse sub-distrito ouro-pretano. Construída a partir dos esforços de anônimos sujeitos, essa pequena edificação foi frequentada assiduamente por muitos devotos da padroeira significando muito mais do que um templo religioso. Presente desde a fundação do povoado da Chapada, a simples ermida conseguiu, ao longo dos tempos, suscitar importantes sentimentos identitários por parte dos chapadenses. Vínculos sentimentais que permanecem até hoje no cotidiano dessas pessoas, alternando-se entre a felicidade, o orgulho e a satisfação de pertencer a esse pequeno fragmento da história das Minas Gerais.
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